top of page
Foto do escritorIzabel Albuquerque

Programa FemLeader – Módulo 1 – Encontro 2

Atualizado: 3 de mai. de 2023


Hoje foi o nosso segundo encontro do Módulo 1 e estávamos com a “casa” cheia. Que alegria passar as minhas noites (já madrugadas 😊) de terças-feiras com mulheres tão empoderadas e interessadas em aprender e dividir experiências e conhecimentos.


Começamos a nossa conversa relembrando o mito que já desmistificamos no nosso último encontro: o de que somos seres 100% racionais. Angela, voltou a nos explicar, agora de forma mais profunda e detalhada, que a nossa racionalidade é limitada em termos de conhecimento, memória, tempo e capacidade de processamento.


Para tanto, Angela nos explicou sobre os Sistema 1 e 2, apresentado por Daniel Kahneman:


O nosso Sistema 1 é: Rápido, Inconsciente, Automático, perfeito para ser usado para tomarmos decisões cotidianas. Permite, portanto, o multitasking. Mas, por outro lado, é mais propenso a erros. E porquê? Porque, para ser usado, o Sistema 1 recorre às heurísticas, que são “atalhos de pensamento”, são “regras de bolso”. O que, por um lado, é ótimo, porque demanda pouca energia para seres usadas, mas, por outro, tais heurísticas podem gerar os chamados vieses cognitivos, que são erros previsíveis e sistemáticos, decorrentes de crenças pessoais, que nos levam a tomar decisões que fogem da racionalidade. Para exemplificar isso, a Angela nos pede para completar a seguinte frase:


“Hoje eu tomei café com…..”. A maioria das pessoas completa, de forma rápida, com “….leite”.

Angela traz também um interessante experimento realizado no processo de seleção das orquestras. Até algumas décadas atrás (por volta da década de 70), havia um número muito maior de homens (95%) do que de mulheres (5%) nas orquestras. A crença era de que esta realidade existia porque os homens eram mesmo melhores, mais fortes para carregar os instrumentos e/ou mais disponíveis do que as mulheres. Só foi possível verificar uma mudança de 5% para 25% de contratação de mulheres nas orquestras justamente quando, no momento de seleção, experimentaram “fechar as cortinas” e, pasmem, retirar os saltos altos das mulheres. Com esse experimento, percebeu-se que o GÊNERO era percebido pelos maestros selecionadores antes do que a QUALIDADE da música tocada pelo(a) profissional. O que é importante frisar é que os maestros não estavam de má-fé ao preterir as mulheres. O que ficou comprovado foi o quão nós somos vulneráveis aos nossos vieses cognitivos. Hoje, para a nossa felicidade, já estamos com cerca 35% de mulheres presentes nas orquestras.


Em regra, o Sistema 1 é muito usado quando estamos cansados, com pressa, com fome e sobrecarregados, pois nosso cérebro não quer (nem conseguiria) gastar muita energia para decidir quando estamos nestes “estados”.


Já o nosso Sistema 2 é: Devagar, Consciente, Deliberado, excelente para ser usado quando precisamos tomar decisões complexas. Mas, para ser acionado e usado, ele demanda uma enorme quantidade de energia, pois precisa da nossa atenção plena. O Sistema 2, de certa forma, consegue contornar os nossos vieses, mas não impedir 100% a sua atuação – já que o Sistema 1 é a nossa forma mais natural de pensar.


O Sistema 2 exige esforço e atenção. Exige reflexão! Por isso não conseguimos acioná-lo quando estamos com fome, cansados ou com sono, por exemplo. Por esta razão, temos que evitar tomar decisões que exigem uma maior reflexão quando estamos nestes “estados”, já que quase que automaticamente usaremos o nosso Sistema 1 e, consequentemente, faremos uso das heurísticas que poderão nos levar a tomar decisões erradas em razão da “ação” dos nossos vieses.


E num mundo onde temos uma “enxurrada” de informações nos bombardeando o tempo todo, onde estamos cansadas e aceleradas, fica ainda mais difícil acedermos o Sistema 2. Exige mesmo esforço, concentração e, sobretudo, SABEDORIA, para conseguirmos definir as nossas prioridades e investir o nosso tempo naquilo que realmente é relevante para nós. Isso é ainda mais importante quando pensamos na atual ideia desvirtuada de SUCESSO que é “vendida” pelas grandes empresas, que criam uma narrativa irreal que nos faz acreditar que o “correto” é estarmos “mergulhadas” e “afogadas” de tanto trabalho nesses ambientes que são, na realidade, profundamente tóxicos. É uma verdadeira “lavagem cerebral” ou “escravidão mental”, como algumas colegas do Programa muito bem definiram.


E surgiu a interessante pergunta de uma participante: Então nós mulheres usamos mais o Sistema 1 do que os homens, já que somos mais multitasking do que eles?


Aqui Angela explica brevemente algo que será mais explorado no Módulo 2, sobre as conexões neurais do cérebro feminino que, em geral, é maior do que no cérebro masculino. Isso se deve muito pela plasticidade cerebral, já que a mulher é exigida, culturalmente, desde pequena, a ajudar o outro, a cuidar do outro, etc. e isso acaba desenvolvendo mais o nosso cérebro neste sentido e permitindo que façamos mais coisas ao mesmo tempo do que os homens (que não são “treinados” para isso).


Depois desta parte inicial “entramos” em um momento lindo de muita abertura e acolhimento, trocando experiências profissionais e profundas experiências pessoais. Aqui ficou claro o ambiente seguro psicologicamente que já construímos em nosso grupo em apenas 2 encontros.

Que momento bonito! E aqui eu paro para refletir e volto a lembrar da razão que me fez querer voltar para esse Programa tão incrível! Como eu aprendo com essas mulheres! Vale cada segundo ficar acordada até 1 da manhã! 😊


“Voltando” para a nossa “aula”, Angela nos apresenta alguns exemplos de heurísticas e vieses:

(i) Heurística da Disponibilidade: É como nós avaliamos a probabilidade de ocorrência de um evento pela facilidade com a qual eventos similares vem à nossa mente.

Esta facilidade depende de 3 fatores:

- Frequência da exposição (O que nós vemos todos os dias? Tvs, jornais)

- Intensidade emocional (Experiências pessoais contam muito mais)

- Proximidade temporal (Eventos mais recentes pesam mais)


E quando pensamos em “líder”? Qual imagem vem à nossa cabeça?

É a de um homem branco, alto, de terno, encima de uma montanha, olhando para o horizonte. Essa imagem “irreal” é a que o Google nos traz (com base nos estereótipos dos programadores quando desenvolvem os algoritmos) quando fazemos esta busca.

Para “quebrar” essa heurística, Angela traz uma foto dela com uma senhora que foi presidente da Finlândia por 13 anos. E o interessante é que ela mesma contou para a Angela uma estória de um menininho que uma vez a perguntou: Meninos também podem ser presidentes? Afinal de contas, esta criança, durante toda a sua vida de 7 anos, só teve como exemplo uma presidente mulher. Isso nos leva à seguinte reflexão: Imagina a quantidade de exemplos que vivemos e vemos ao longo da nossa vida e que vão traçando e formando as nossas heurísticas? O que estes exemplos fazem com as nossas mentes?


E quando pensamos em “cientista”? Qual imagem vem à nossa cabeça?

Da mesma forma, o Google nos apresenta uma foto de um homem branco e sério.

Para “quebrar” essa heurística, Angela traz uma foto dela com uma Sônia Guimarães! Que quebra todos os estereótipos sobre cientistas que já criamos em nossas mentes. Ela, uma mulher, preta, colorida, sorridente, brilhante é nada mais nada menos do que a PRIMEIRA professora mulher e negra do ITA.


(ii) Viés da Afinidade ou do Favoritismo

É a nossa preferência pelo que se parece conosco. Somos seres ultra sociais e preferimos quem é parecido conosco, pois nos dá uma sensação de bem-estar, de pertencimento. Por isso tendemos a, por exemplo, privilegiar os nossos filhos, sobrinhos e etc. Tendo isso em mente, imagina o desafio que existe em uma empresa familiar diante da dificuldade de “afastar” esse viés? Também é por isso que, por exemplo, tendemos a, no trabalho, avaliar melhor aqueles que pertencem ao nosso grupo do que aqueles que não pertencem.

E qual o problema desse viés? Nenhum, sob o ponto de vista evolutivo, pois ficar e viver em grupo foi uma estratégia muito eficaz para a nossa sobrevivência como espécie. Mas, por outro lado, temos a tendência de valorizar mais quem está no nosso grupo e, com esse viés, acabamos por acreditar que estas pessoas são melhores do que realmente são e que aquelas pessoas que não estão no nosso grupo são piores do que nós.

Você sabia que quando alguém faz aniversário na mesma data que nós, tendemos a preferenciar esta pessoa….olha que curioso?


Para que tenhamos um ambiente de genuína troca, a gravação das sessões somente é disponibilizada para as participantes, mas sempre que puder, venho contar para vocês como tem sido participar desse Programa tão lindo 😊!


Que venham os próximos encontros!


Comments


bottom of page