Hoje foi o nosso 7° encontro do Programa FemLeader!
Iniciamos o Módulo 3, onde falaremos sobre “Superar os desafios” através da apresentação de soluções e técnicas (tanto no âmbito privado e individual, quanto no âmbito das políticas privadas e públicas) para contornar vieses e a desigualdade de gênero existente no ambiente corporativo. O grande debate é: Como podemos começar a quebrar os vieses existentes tanto dentro de nós quanto fora de nós?
Angela começa explicando como a nossa mente funciona através das heurísticas (“regras de bolso”), contando um exemplo próprio dela quando viu uma maestra mulher regendo uma orquestra, onde ela mesma se sentiu desconfortável inicialmente. Isto fez com que ela desenvolvesse uma certa compaixão pelas pessoas para quem ela dá aula sobre esse tema e que são, em geral, bem mais velhas do que ela e do gênero masculino e que muitas vezes se sentem desconfortáveis quando olham para ela e a “recebem” como professora.
Angela traz parte de um TED do Michael Kimmel que fala de privilégios e da questão da escuta. Micheal ressalta o quanto essa escuta é “recebida” de forma diferente conforme a pessoa que está falando, ou seja, o quanto somos capazes de escutar e compreender de forma diferente as pessoas ainda que o conteúdo do discurso destas pessoas seja exatamente o mesmo.
Mas por que isso acontece?
Primeiro é importante lembrar que “ouvir” e “escutar” são coisas diferentes. Ouvir é um ato físico. Escutar é um ato emocional, de conexão.
Angela traz um estudo interessante de 1995 (Propp, 1995) cujo objetivo era o de avaliar a guarda de uma criança. Cada participante recebeu as mesmas informações, exceto um, que tinha uma informação-chave. A intenção era perceber se o grupo escuta os participantes igualmente. Infelizmente a conclusão é a de que não! Percebeu-se que os participantes tinham 2 vezes mais chance de utilizar a informação-chave quando esta era apresentada por um homem do que quando era apresentada por uma mulher. Ou seja, metade das vezes que a informação foi apresentada por uma mulher, esta informação foi ignorada por homens e por mulheres.
Isso significa que as nossas organizações podem estar desperdiçando ideias valiosas de experts de grupos minorizados, simplesmente em razão desta estrutura machista em que estamos hoje inseridos.
Políticas públicas e privadas (ou redesenho institucional)
1. Modelos (role models)
Angela nos apresenta diversos exemplos sobre a importância dos role models.
(i) Já foi comprovado, por exemplo, o quanto uma simples foto pode influenciar na probabilidade de as mulheres escolherem a sua graduação relacionada, por exemplo, à tecnologia e ciência. Fotos de homens afastam, enquanto que fotos de mulheres ou neutras, atraem!
(ii) O simples fato de uma mulher olhar para uma foto de uma outra mulher relevante (Hillary Clinton e Angela Merkel, por exemplo) antes de realizar um discurso pode influenciar positivamente esse seu discurso (tanto em termos de tempo – falam mais - quanto em temos de qualidade). Essa influência é maior do que se ela olhar para a foto de um homem ou para nenhuma foto antes de realizar o discurso.
Mas essa influência não acontece em homens. Se um homem olhar para uma foto de um role model antes de discursar, o impacto é zero. Não há qualquer influência no seu discurso, pois os homens se impactam bem menos do que as mulheres com a pressão social.
(iii) Há ainda o poder da visualização. Pensar em uma mulher poderosa antes entrevistar uma mulher para uma vaga de emprego, por exemplo, diminui o impacto dos nossos estereótipos de gênero.
Angela nos recomenda o documentário “Picture a Scientist”, disponível no Youtube que tem efeitos reais no nosso dia a dia e que reflete, sobretudo, a importância da representatividade!
2. Ações Afirmativas (quotas)
Ambiente empresarial
Angela nos apresenta uma tabela de países que adotaram cotas em cargos de Conselho. Ela ressalta que em nenhum desses países o processo foi fácil, sendo o primeiro deles a Noruega (2003).
E por que essa representatividade de mulheres nos CAs é importante? Porque há uma relação direta e positiva entre o número de mulheres nos CAs e o número de mulheres no middle management. Ou seja, quanto mais mulheres nos CAs, mais mulheres no middle management, o que faz com que os estereótipos internos nas organizações sejam diminuídos, gerando, claramente, um círculo virtuoso dentro das empresas!
Mas Angela alerta sobre a Síndrome da Abelha Rainha, ou seja, para o fato de, em ambientes onde há poucas mulheres, haver a probabilidade de sermos vistas como uma ameaça pelas outras mulheres, diante da preocupação de serem poucas as vagas, o que aguça a competição entre nós mulheres.
A segunda metade do nosso encontro contou com uma participação muito especial, um exemplo de uma mulher que enfrentou muitos dos desafios que temos discutido durante esse Programa.
Até o próximo encontro 😊!
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