Setembro foi tão corrido com a volta das nossas deliciosas férias no Brasil e com a volta às aulas das crianças em uma escola nova aqui em Portugal, que não consegui ler o livro deste mês do nosso Programa Lideranças Virtuosas ☹.
Mas, felizmente, como de costume, fomos presenteados com a resenha feita pelo nosso querido e competentíssimo Alexandre Di Miceli. Esta resenha sempre nos “salva” e nos prepara para os nossos encontros mensais, além de servir de genuína inspiração para eu construir esse texto aqui para vocês!
O livro deste mês foi escrito por Yvon Chouinard que nos conta como fundou, em 1973, a Patagonia, a sua empresa de roupas para atividades esportivas.
Para alcançar este reconhecimento mundial como uma “empresa exemplo” de melhores práticas ambientais e sociais, a Patagonia se pautou em 8 “filosofias” (“a expressão dos nossos valores”, nas palavras de Yvon):
(i) Design: criar os melhores produtos em termos de utilidade, qualidade e durabilidade;
(ii) Produção: trabalhar com o menor número de fornecedores possível justamente para que a Patagonia e tais fornecedores se tornassem mutuamente dependentes, através da criação de relações de longo prazo pautadas essencialmente pela confiança (“o que é bom para eles, é bom para nós”);
(iii) Distribuição;
(iv) Imagem: “Uma empresa também cria e desenvolve uma imagem. A imagem da Patagonia emerge diretamente dos seus valores, dos seus propósitos e das paixões de seus fundadores e funcionários”. A imagem da Patagonia não é fabricada, mas sim “expressa a alegria das pessoas que amam o mundo, são apaixonadas por suas crenças e querem fazer coisas que reflitam no futuro”;
(v) Recursos Humanos: uma característica ímpar da Patagonia refere-se à sua cultura, ao seu ambiente organizacional caracterizado essencialmente pela felicidade e pelo respeito às suas PESSOAS. Isto inclui, obviamente, o respeito à diversidade e uma atenção especial às lideranças, pelo exemplo que representam para os demais e por serem os grandes fomentadores de mudanças na empresa;
(vi) Finanças: os lucros não são a medida de sucesso da empresa. O que realmente importa é o que ela faz para cumprir a sua missão;
(vii) Direção;
(viii) Meio Ambiente: ser a maior referência global em sustentabilidade corporativa. Aqui vale uma observação importante feita pelo Yvon: “Toda vez que eu tomei uma decisão que era boa para o planeta, eu ganhei dinheiro”.
Como o meu foco aqui na IA+P é reconhecer o relevante papel dos líderes nas empresas para a construção de ambientes mais saudáveis para as suas PESSOAS, deixo aqui os trechos do livro que mais me inspiraram:
“Na hora de contratar os diretores, é importante saber a diferença entre líderes e gestores. O gestor tende a evitar os riscos. Os líderes, por sua vez, se arriscam, têm visão de longo prazo e incitam mudanças.
(…) Quando não houver crise, o líder ou CEO sábio deve combater a complacência e desafiar os funcionários a encarem uma mudança. É a única forma de sobreviver no longo prazo.”
E, ao falar de mudança, Yvon faz essa brilhante analogia com a natureza:
“Os líderes prudentes sabem que, se não se moverem enquanto estão fortes, não terão a força necessária para se mover quando a próxima crise os alcançar. Apenas aqueles negócios que funcionam com um sentido de urgência, dançando nas extremidades, em evolução constante, abertos à diversidade e às novas formas de fazer as coisas continuarão aqui dentro de cem anos.
A mesma coisa acontece com a natureza. Ela está evoluindo constantemente e o ecossistema acolhe as espécies que se adaptam tanto às catástrofes como à seleção natural. A diversidade da natureza evolui graças a um constante comprometimento com a mudança.”
Boa leitura!
Notas adicionais:
Recentemente Yvon, em verdadeira comprovação de sua coerência entre “discurso e prática”, anunciou a doação da Patagonia para um fundo que visa combater a crise climática. Veja aqui.
Para conhecer mais sobre a empresa Patagonia e suas inspiradoras iniciativas sociais e ambientais é só navegar pelos vídeos do seu canal no Youtube.
Commentaires