Hoje foi o dia de debatermos a oitava obra da nossa série de livros do Programa Lideranças Virtuosas 2023, o livro “High Conflict: Why we get trapped and how we get out” de Amanda Ripley.
Nesta obra a autora procura esclarecer a existência de diversos tipos de “conflitos” e deixa claro que eles não são todos necessariamente ruins. Há aqueles que são sim positivos, pois nos fazem rever as nossas crenças para evoluirmos como seres humanos. Porém, há aqueles que são tóxicos, nos consomem e não são saudáveis, os chamados de “alto conflito”, que são o foco do livro de Amanda Ripley.
O alto conflito gera estresse crónico e prejudica a nossa saúde, já que nos faz ruminar sentimentos negativos, muitas vezes nos levando a conversas imaginárias com a outra pessoa, em uma “eterna” luta de “o bem contra o mal”. Nem sempre é violento, mas é extremamente inflamável.
Em todo o mundo, muitas pessoas estão envolvidas em conflitos tóxicos, seja no âmbito familiar, seja no âmbito coletivo (polarizados em razão de opiniões políticas, por exemplo).
Mas se o alto conflito é tão danoso para a nossa saúde, por que ele é tão comum? Porque ele proporciona significado, picos de excitação, companheirismo e poder a muitas pessoas que fazem parte dele. É por causa desses “benefícios” que esses conflitos de “soma zero” persistem por tanto tempo em nossas vidas sociais e políticas.
Amanda Ripley, na sua obra, se propõe a responder a perguntas fundamentais, como: Que fatores específicos nos levam ao alto conflito? E, a mais importante: Como é possível sair de um alto conflito?
No que se refere aos fatores que atuam como verdadeira “lenha na fogueira” dos conflitos, Ripley denomina quatro:
1. Identidade de grupo – quando em grupo, costumamos sentir a dor do outro com se fosse a nossa. Mas também há um lado positivo: Assim como os grupos podem inflamar o conflito, eles também podem extingui-lo.
2. Empreendedores de conflitos – são as pessoas que se deliciam com as disputas e se aproveitam das oportunidades criadas pelo conflito para convertê-las em vantagens pessoais.
3. Humilhação – o conflito explode quando a dor social se torna insuportável, ou seja, quando se torna humilhação. Nas palavras de Amanda, “a humilhação é a bomba nuclear das emoções”, pois gera uma ameaça existencial que coloca em risco a parte mais profunda de nós: a percepção de que somos dignos e de que valemos alguma coisa. “Sentir humilhação, gera atos de humilhação e, assim, esse ciclo se perpetua”.
4. Corrupção – a ausência de um Estado ou poder moderador que possa fazer prevalecer a justiça.
Para sairmos de um alto conflito, Ripley enumera 5 iniciativas essenciais:
1. Investigar a história subjacente ao conflito – ou seja, conhecer a causa raiz por trás do conflito (o que não é nada simples!)
2. Reduzir a lógica do binário – adquirir uma perspectiva mais ampla do conflito e reconhecer que as pessoas e grupos possuem mais valores e interesses comuns do que acreditam.
3. Isolar os empreendedores de conflitos – ou seja, deixar de dar ouvidos a quem tem prazer e se beneficia com o conflito.
4. Ganhar tempo e espaço – ou seja, se afastar do conflito por um tempo.
5. Complicar a narrativa – ou seja, reconhecer que qualquer história que apresente heróis perfeitos e vilões malvados dificilmente será correta.
Ripley acredita que é possível criarmos pontes para convertermos o alto conflito em um conflito saudável para ambas as partes. Para isso, precisamos despertar a nossa humanidade comum, sobretudo mantendo o contato com o outro com a nossa curiosidade acesa. Quando conseguimos fazer isso, alcançamos a melhor versão de nós mesmos e nos permitimos viver a nossa potencialidade coletivamente.
Para ter acesso a uma espetacular resenha do livro “High Conflict: Why we get trapped and how we get out”, preparada por Alexandre Di Miceli, basta adquirir o livro: “Pílulas de Liderança, volume 2” aqui.
E então? O que achou?
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