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Programa Lideranças Virtuosas - Debate sobre o Livro: “Economia Donut"de Kate Raworth

Foto do escritor: Izabel AlbuquerqueIzabel Albuquerque

Atualizado: 1 de set. de 2023



Hoje foi o dia de debatermos a sexta obra da nossa série de livros do Programa Lideranças Virtuosas 2023. O livro, escrito por Kate Raworth, desconstrói a nossa visão tradicional das ideias fundamentais que aprendemos sobre economia, demonstrando que estão, em sua imensa maioria, obsoletas.


Antes de começarmos, conversamos entre nós sobre diversos temas atuais e sobre o quanto o mundo corporativo tem “machucado” emocionalmente as nossas lideranças. Em especial, relembramos um post brilhante que o Alexandre Di Miceli publicou recentemente no Linkedin e que merece ser repetida aqui:


Tirar da zona de conforto é diferente de colocar na zona de terrorismo. É preciso dar desafios para as pessoas crescerem compatíveis com suas possibilidades e momento. Isso precisa, no entanto, ser feito em um ambiente de segurança – física, psicológica e financeira – nunca por meio do medo ou ameaças.” ALEXANDRE DI MICELI


Já ingressando no livro, Alexandre é categórico: “esse livro é um serviço de utilidade pública”!


capa do livro economia donut

A autora defende que os conceitos tradicionais da economia são não apenas inadequados para lidarmos com os desafios do século XXI, como têm sido responsáveis pelos graves problemas sociais e ambientais que vivemos atualmente. Mantermo-nos enraizados nos manuais tradicionais e continuarmos a ensinar os nossos jovens com base nas teorias de 1850 é a receita perfeita para o desastre.


Sendo assim, Kate propõe sete novas maneiras de pensarmos a economia, para que possamos alcançar um ambiente de prosperidade humana sem ultrapassar os limites do nosso planeta. Seu modelo foi batizado de “Donut”, um apelido lúdico que não diminui a importância da sua obra, considerado o livro do ano de economia pelo Financial Times e o livro de negócios do ano pela Forbes em 2017.


Entre o anel externo (o teto ecológico) e o anel interno (o alicerce social) está a “rosquinha”, o “Donut” em si, ou seja, o espaço em que podemos atender a todas as nossas necessidades fundamentais utilizando os meios do planeta de forma sustentável.

Entre as sete propostas inovadoras que a autora traz, as que mais me impactaram foram:

1ª. proposta – precisamos mudar o propósito da economia, ou seja, ao invés de começarmos com um conjunto de teorias, vamos começar com um Propósito! Com um objetivo! Que não deve ser a maximização do PIB ou dos indicadores económicos, mas sim assegurar um mínimo para todos, uma base, um alicerce social que não ultrapasse os nossos limites.


Uma curiosidade: o próprio criador do PIB, Simon Kuznets, já havia alertado para as graves limitações desse indicador que ele próprio havia construído, tornando-se um dos seus maiores críticos posteriormente.


Por isso, a proposta da autora é que precisamos evoluir de um obsessivo e singular foco no PIB para a prosperidade em equilíbrio dinâmico dentro do “Donut”.


3ª. proposta – revisitar a nossa premissa sobre o ser humano! Analisar o que a ciência já sabe e explica sobre o ser humano! Parece que a economia está muito longe de perceber isso!

Precisamos aplicar uma nova visão sobre o ser humano, que é muito mais complexo do que se pensa e do que a economia define convencionalmente de “homo economicus”! Somos todos muito maleáveis conforme o contexto em que estamos inseridos! Por isso é preciso termos uma visão mais realista e multifacetada do ser humano, como um ser social e adaptável, com uma natureza positiva que precisa ser estimulada.


Somos seres sociais, interdependentes, relacionais, emotivos e fluidos em matéria de valores. Justamente por sermos extremamente maleáveis ao contexto em que estamos inseridos, é sim possível estimularmos a natureza humana de modo a aumentar as nossas chances de entrar no espaço do “Donut”.


Evidências científicas trazidas pela Kate demonstram que:

- Ao invés de egoístas e autocentrados, somos seres sociais e recíprocos;

- Ao invés de preferências inflexíveis, temos valores fluidos;

- Ao invés de isolados, somos interdependentes;

- Ao invés de calcular com exatidão, geralmente usamos regras de bolso;

- longe de ter uma posição superior e destacada da natureza, estamos profundamente emaranhados na teia da vida.


4ª. proposta – o economista deve ser um jardineiro e não um engenheiro! Ou seja, pensar de forma mais sistémica e menos mecânica.


Num pensamento sistémico o mais importante é o relacionamento entre as pessoas! A forma como elas se relacionam!


Ser jardineiro, segundo Kate, não é deixar a natureza tomar seu curso; é cuidar! Os jardineiros não fazem as plantas crescer, eles criam condições para que elas prosperem e fazem julgamentos sobre o que deve ou não estar no jardim.


Está mais do que consagrado hoje que o grande problema hoje é a desigualdade social, que gera menos confiança entre as pessoas, maiores problemas mentais, menor identificação entre as pessoas, maior stress, o que gera um grande problema social. Sociedades mais desiguais tem crescimento económico mais lento e mais frágil.

A economia de hoje é divisiva e degenerativa por definição. A economia de amanhã precisa ser distributiva e regenerativa por concepção. Ou seja, deve fazer circular o valor à medida que este é criado, em vez de concentrá-lo em um número cada vez menor de indivíduos (distributiva) e todas as pessoas e empresas devem participar ativamente na regeneração dos ciclos geradores de vida na Terra (regenerativa).


7ª. proposta – somos viciados no crescimento económico. Tendemos a acreditar que ele é a solução para todos os males, seja no âmbito pessoal, social, nacional e global. A mensagem de Kate não é que sejamos contra o crescimento, mas que nos tornemos agnósticos com relação ao crescimento. Precisamos focar na prosperidade! Precisamos pensar criticamente: “por que crescer?” Precisamos sim de uma economia que nos faça prosperar! Quer ela cresça ou não!

Sair da prisão mental do crescimento e focar na prosperidade! No âmbito pessoal, o nosso consumismo de bens materiais e físicos também é, de certo modo, um vício que temos no crescimento.


Algumas informações impactantes retiradas do livro:


A desigualdade é enorme e crescente: desde 2015, o grupo dos 1% mais ricos detém mais riqueza do que todos os outros 99% juntos; os dez indivíduos mais ricos têm um patrimônio maior do que 3,1 bilhões de pessoas que correspondem a 40% da humanidade.”


Mudanças climáticas ameaçam praticamente todas as regiões do globo. Em 2025, duas entre três pessoas viverão em regiões com problemas hídricos. Por volta de 2050, haverá mais plástico do que peixe no oceano”.


Em todo o mundo, por exemplo, uma em cada nove pessoas não tem o suficiente para comer. Uma em cada quatro vive com menos de três dólares por dia. Uma em cada três pessoas ainda não tem acesso a um banheiro. Uma em cada seis crianças entre 12 e 15 anos não está na escola, a maioria delas meninas.”


Para ter acesso a uma espetacular resenha do livro “Economia Donut: Uma alternativa ao crescimento a qualquer custo”, preparada por Alexandre Di Miceli, que, inclusive, usei, como fonte de inspiração, para elaborar este breve resumo que escrevi aqui para vocês, basta adquirir o livro: “Pílulas de Liderança, volume 2” aqui.


Há vários TED Talks dela sobre o tema do livro. Veja aqui, por exemplo 😊


E então? O que achou?

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