Hoje foi o dia de debatermos a primeira obra da nossa série de livros do Programa Lideranças Virtuosas 2023.
O livro escolhido foi o “Utopia para Realistas”, que nos convida a sairmos desta letargia, deste estado de “coma coletivo”, do piloto automático, para começarmos efetivamente a pensar no que devemos fazer para construirmos um mundo melhor.
O livro demonstra o poder das ideias! Nos dá o direito de sonharmos com algo mais, que hoje pode parecer utópico, mas que no futuro pode ser a realidade! Basta lembrar de alguns exemplos, como: os direitos humanos, a proibição da escravidão e do trabalho infantil, a emancipação feminina, que, um dia, já foram considerados uma utopia.
Iniciamos o nosso encontro com uma linda mensagem que o Alexandre Di Miceli nos trouxe sobre o conceito de sucesso de John Wooden:
"I define success as peace of mind, which can be attained only through self-satisfaction in knowing you made the effort to become the best of which you're capable."
“Success is never final, failure is never fatal, and it's courage that counts.”
É isso! Sucesso é paz de espírito associado com a qualidade do seu esforço. Se você tem a consciência e a paz de espírito de perceber que trabalhou da melhor forma que você pôde, com excelência e, sobretudo, com amor, e sempre respeitando os seus limites, então você pode considerar que teve sucesso.
Partindo para o debate do livro em si, a obra busca responder a seguinte pergunta: O que faz a vida valer a pena e como podemos chegar lá?
O autor propõe três “utopias”:
A primeira utopia proposta por Bregman é a distribuição de uma renda básica universal, ou seja, distribuir gratuitamente dinheiro para todas as pessoas, não como um favor, mas como um direito. A única condição para receber esse direito seria estar vivo.
O autor demonstra, com evidências científicas, que a distribuição incondicional de dinheiro é, em particular, associada a um conjunto de benefícios socioeconômicos, que incluem a redução da criminalidade, da mortalidade infantil, da desnutrição, da gravidez na adolescência e da falta às aulas, além de melhorias nos resultados escolares, crescimento econômico e igualdade de gêneros. Bregman esclarece que os custos psicológicos (onde todos sofrem – os pobres e os ricos -, sociais e financeiros da pobreza são muito subestimados, apresentando resultados de dezenas de trabalhos científicos que demonstram que investir na eliminação da pobreza proporciona benefícios imensos para a sociedade, inclusive com retorno financeiro.
Ainda, Bregman rechaça, com base em diversos trabalhos científicos recentes, os dois principais argumentos usados em oposição à renda básica universal: (i) o de que a pobreza é uma questão de preguiça e (ii) o de que os pobres não sabem lidar com o dinheiro. O autor deixa claro que um ponto cruel da pobreza é que ela aniquila o futuro. Isso porque faz com que os pobres vivam em uma “mentalidade da escassez”, concentrando-se na falta imediata, sem qualquer horizonte de longo prazo.
A segunda utopia proposta por Bregman tem o tempo como estrela principal: “precisamos trabalhar menos, idealmente até chegarmos a uma jornada semanal de 15 horas”.
Atualmente, parece que o trabalho e a pressão em excesso viraram símbolo de status. Reclamar que se está trabalhando demais é, com frequência, uma tentativa velada de se mostrar importante para os outros e, com isso, o mundo vem sofrendo com problemas de saúde mental, com pessoas depressivas, com burn out e etc., sobretudo aquelas que ocupam posições de liderança. Neste momento, Alexandre Di Miceli nos lembrou da frase de Bob Chapman que diz que “a pessoa para quem você reporta é mais importante para a sua saúde do que o seu médico”.
Bregman, critica, ainda, o fascínio de se medir o bem-estar de um país pelo PIB. Para o autor, o grande problema do PIB é que ele mede apenas o que vemos e esquece de medir o que não vemos, como, por exemplo, a saúde mental, o ar puro, os serviços para a comunidade, o trabalho voluntário, o cuidado com as crianças, etc. Pior, quanto mais doenças mentais, obesidade, crime e endividamento, melhor para o PIB, que é um indicador completamente indiferente à desigualdade. Como resume o autor: “se você fosse o PIB, seu cidadão ideal seria um jogador compulsivo com câncer que está passando por um divórcio complicado, do qual você busca consolo tomando várias pílulas de antidepressivo e comprando loucamente na Black Friday.”
O autor alerta que estamos vivendo uma epidemia de estresse, que estamos morrendo de tanto trabalhar. Que, em vez de lidar com as causas fundamentais de nossos problemas existenciais, acabamos lidando apenas com os seus sintomas: vamos ao médico quando estamos doentes, ao terapeuta quando estamos tristes, ao nutricionista quando estamos acima do peso e ao coach de carreira quando estamos desempregados. Tudo isso consome enorme somas e gera pouco resultado.
Uma outra reflexão muito importante de Bregman é no campo da educação: “o foco dos debates sobre educação é, invariavelmente, nas competências, não nos valores. Em didática, não em ideias. Na capacidade de resolver problemas, mas não nos problemas que realmente devem ser resolvidos”. Para o autor, a preocupação atual se resume a “Que tipo de conhecimentos e habilidades os estudantes de hoje precisam ter para serem contratados no mercado de trabalho de 2030?”. E esta é simplesmente a pergunta errada! A pergunta correta, na visão de Bregman, deveria ser: “Que conhecimentos e habilidades queremos que os estudantes de hoje tenham em 2030?”. Ou seja, em vez de simplesmente nos adaptarmos ao futuro, deveríamos nos concentrar em guiar e criar o futuro, tendo a educação o objetivo de nos preparar para a VIDA e não para o mercado de trabalho!
A terceira utopia proposta por Bregman é a mais radical de todas: eliminar gradualmente todas as restrições de circulação de pessoas pelo mundo. Apoiado em evidências científicas, ele argumenta que a imigração resultante de uma política de fronteiras abertas seria a principal forma de eliminar a pobreza em escala global.
Se o objetivo do autor era de nos tirar da “zona de conforto” e nos fazer repensar muitos conceitos, acredito que ele atingiu com louvor. Trata-se de uma leitura muito inspiradora e provocativa, para dizer o mínimo.
E se em algum momento tivermos dúvidas do poder de um pequeno grupo em mudar o mundo, a Angela Donaggio nos pediu para lembrar da frase de Margaret Mead: “Never doubt that a small group of thoughtful, committed citizens can change the world; indeed it´s the only thing that ever has”.
Recomendo!
Para ter acesso a uma espetacular resenha do livro “Utopia para Realistas”, preparada por Alexandre Di Miceli, que, inclusive, usei, como fonte de inspiração, para elaborar este breve resumo que escrevi aqui para vocês, basta adquirir o livro: “Pílulas de Liderança, volume 2” aqui.
Para se inspirar ainda mais: assista o TED talk do John Wooden sobre sucesso neste link.
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